Assim como as evoluções de tecnologia caminham de forma acelerada e surpreendem usuários e consumidores dia após dia, em paralelo, o acesso à informação também faz com que novas tendências sejam criadas no mercado como, por exemplo, o maior interesse pela criação de produtos que trabalhem com a sustentabilidade. No caso do Grupo Seiva, que surgiu a partir da startup Seiva Coleta, os dois mundos estão conectados.
Em 2012, o empresário Daniel Nascimento enxergou a possibilidade de trabalhar no ramo de reciclagem, atendendo bares, baladas e condomínios ao executar toda a logística de recolhimento desses resíduos e comercialização com cooperativas, dividindo o lucro com quem separava os elementos descartados.
A empresa, batizada de Seiva, trabalhava com todos os tipos de material, com exceção do vidro, pois não havia pontos de venda em Belo Horizonte, local em que a marca se desenvolveu.
No entanto, essa evidente carência fez com que, quatro anos depois, a especialidade da iniciativa se tornasse justamente os artigos em vidro. “Em 2016, nós inauguramos a primeira indústria de beneficiamento de vidros de Minas Gerais e tínhamos um serviço de coleta de vidro nos bares e restaurantes de Belo Horizonte, que funcionava bem, mas ainda assim enxerguei uma certa ineficiência nesse processo de coleta e passei a estudar como essa logística era realizada em outros países. E foi a partir do ano seguinte que decidi me dedicar à fabricação e ao estudo de máquinas apropriadas para coleta e trituração do vidro, e de um jeito totalmente inovador. Montamos uma máquina que triturava o vidro e o armazenava em bombonas. E, depois de algumas boas versões de testes e ajustes, conseguimos chegar ao Grupo Heineken e firmar uma parceria, que hoje utiliza a tecnologia que vai desde Big Data até o reconhecimento do material que as pessoas estão inserindo, triturando os resíduos”, conta Daniel Nascimento, CEO do Grupo Seiva.
Com o crescimento da empresa, os números de recebimentos de materiais recicláveis também dispararam. Em 2022, por exemplo, mais de 200 toneladas de vidro em 10 ecopontos espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram recolhidos. De acordo com a empresa, foi um crescimento equivalente a 92% em relação ao ano anterior. Em termos de receita, o faturamento saltou de R$ 2,5 milhões em 2021 para R$ 3,5 milhões em 2022, o que significou 40% a mais. Para 2023, a partir da expansão das operações da marca para dezenas de capitais brasileiras e parcerias com multinacionais, a projeção do Grupo Seiva é ter um crescimento de 300% e faturar R$ 16 milhões.
Outro fator que também cresceu e ajudou no crescimento substancial dos números foram os pontos de entrega voluntária de vidros, que em 2021 eram apenas oito, passaram para 15 em 2022 e devem chegar até 600 lugares em 2023, apresentando um crescimento de quarenta vezes sobre o cenário do ano passado.
A preocupação de grandes empresas em contribuir com o meio ambiente e apresentar iniciativas sustentáveis, como no caso da parceria entre Seiva e Heineken, permite que esse tipo de projeto ganhe cada vez mais força no mercado. Ainda assim, para Daniel Nascimento, as grandes marcas ainda possuem problemas na hora de criar iniciativas próprias.
“Hoje existe não só uma preocupação muito grande das empresas quanto a legenda ESG (Environmental, Social and Governance) como também ao posicionamento de suas iniciativas na proteção social e ambiental. Porém, existe uma dificuldade muito grande em elaborar e executar projetos voltados para a sustentabilidade que tragam seu consumidor para o protagonismo do tema. Elas fazem projetos voltados para o meio ambiente, como o plantio de árvores, uso de energia verde e reuso de recursos hídricos, que são, sim, importantíssimos, mas infelizmente não envolvem o consumidor e não cria uma cultura nas pessoas quanto a importância da reciclagem”, diz o CEO.
“E é justamente aí que o Grupo Seiva entra e consegue ajudá-los a disseminar essa mudança comportamental, com projetos inovadores e disruptivos, com máquinas que criam essa cultura nas pessoas com sistemas de engajamento sociais e campanhas que têm como objetivo a mudança comportamental”, completa.
Logística reversa
A prática da logística reversa, ou seja, que permite que os produtos reciclados voltem para o consumidor ou sejam utilizados para algum outro fim, faz com que o Grupo Seiva tenha uma preocupação a mais na hora de aplicar as próprias tecnologias em serviços de coleta.
“Projetos de circularidade e logística reversa demandam muito esforço e trabalho para serem viáveis, não só do ponto de vista financeiro como também estrutural, e é principalmente nestes dois pontos que a tecnologia que empregamos nos dá um grande diferencial no mercado. Outro fator importantíssimo que temos hoje é que não temos a cultura de ‘venda de prateleira’, ou seja, conseguimos sempre desenvolver projetos de qualquer tamanho para qualquer tipo de parceiro, e sempre pensando em atendê-los com soluções inovadoras e que coloquem os clientes deles como protagonistas de seus projetos. O fato de termos todas as tecnologias dentro de casa nos dá essa liberdade de criação”, diz Nascimento.
Parcerias e retorno
A partir de novas parcerias, como no caso da Heineken e do Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFES), o Grupo Seiva e as empresas podem moldar a forma com que desejam desempenhar o processo de reciclagem e o que as máquinas poderão proporcional para o consumidor final, auxiliando na criação de uma cultura sustentável.
“No momento, atuamos com reciclagem de garrafas de vidro e de garrafas Pet por meio das nossas máquinas. A 4R Glass, JM Sand e a 4R PET- todas produzidas integralmente por nós. Duas delas já possuem embarcados seus sistemas de Engajamento Social, como o Ponto Caco – programa que remunera o cliente com descontos em produtos do Grupo Heineken – e o RePET – programa dedicado ao Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFES), que premia seus colaboradores com cursos, benefícios sociais e diversos brindes”, finaliza o CEO.
Fonte:
Redação
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