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Reginaldo Carlos, dono da Di Pallo Pizzaria
Reginaldo Carlos, dono da Di Pallo Pizzaria

O tema sustentabilidade tem ganhado destaque nos últimos tempos no cenário mundial. Quando falamos sobre o universo do empreendedorismo, não é diferente e ações nesse sentido já fazem parte da rotina dos pequenos negócios. De acordo com pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 74% das micro e pequenas empresas implementaram o controle do consumo de energia.

Além disso, tem sido cada vez mais frequente o controle no consumo da água (que é observado por 65% das empresas), na gestão do consumo de papel (praticada por 62%) e na separação para a coleta seletiva de lixo (implementada em 55% das micro e pequenas empresas).

Apesar dos números crescentes, a consultora do Sebrae-SP Carla Capoleti afirma que muitos empresários ainda não conseguem identificar os benefícios de ter uma empresa sustentável. “O fato é que cada vez mais os consumidores se identificam e valorizam as empresas que praticam a sustentabilidade. É possível se tornar mais competitivo e também diminuir custos operacionais”, diz.

O empreendedor Reginaldo Carlos, dono da Di Pallo Pizzaria, enxerga as ações sustentáveis que conduz em seu negócio como um diferencial para a empresa. Ele abriu seu empreendimento em 2019 já com um projeto para uso de energia fotovoltaica em andamento.

Além de ter a preocupação com a alimentação inclusiva (as pizzas não contêm glúten), o empreendedor utiliza os projetos de sustentabilidade como um investimento para fortalecer a sua marca e contribuir com o meio ambiente e a comunidade do entorno.

“Para este primeiro projeto fiz um investimento mediano, mas vejo a redução da minha conta luz em cerca de 40%. Além disso, a maioria das pizzarias usa lenha ou forno elétrico. E isso acaba degradando o meio ambiente.”

Além do uso da energia fotovoltaica para o funcionamento de todos os equipamentos da pizzaria, o empreendedor também implantou a reciclagem como uma rotina dentro de seu negócio. No estabelecimento, há lixeiras específicas para itens como metal, vidro, plástico e papelão.

Os resíduos sólidos também são separados para não atrapalhar o reaproveitamento dos demais materiais. “Nós separamos esses materiais recicláveis para que moradores aqui da região possam levar e também ter uma fonte de renda com isso. A gente já via pessoas passando e catando latinhas e outros itens. Então agora eles passam por aqui periodicamente e retiram esses materiais para ter uma renda extra”, explica Carlos.

Antes de ter seu próprio negócio, o empreendedor trabalhou como gerente de alimentos e bebidas em empresas ligadas ao setor do turismo e percebeu que muitos clientes escolhiam o local para fazer seus eventos considerando as ações de sustentabilidade como diferencial, olhando as certificações dos estabelecimentos.

“Minha esposa estava mais à frente da gestão e agora assumi a parte de marketing. Quero contar para meus clientes que somos uma pizzaria que usa energia limpa porque é um trabalho que poucas fazem, é um diferencial. Não fiz nenhuma divulgação específica ainda, mas está nos meus planos.

”Para os empresários que desejam adotar alguma ação de sustentabilidade em seu estabelecimento, Carlos recomenda iniciar pela coleta seletiva. “Compre as lixeiras. Não é um custo alto. Comece a fazer essa separação”, afirma.

Mas ele ressalta outro ponto do processo. “O mais importante é o treinamento da equipe, que cada um esteja consciente e engajado nesse processo. Em qualquer medida você pode gastar milhões de reais, mas se não treinar a equipe nada dará certo. Aqui gastei muita energia explicando. Muitas vezes vendia papelão para reverter em brinde, festas comemorativas, e ainda assim precisa de tempo para todos aprenderem. Engajamento é tudo.”

Turismo rural

Keiji Nakashima é um dos donos do Orquidário Takebayashi, em Atibaia, e trabalha no setor há mais de 20 anos. Sua esposa, Sandra, é bióloga e fez mestrado no Japão. Quando retornaram ao Brasil, já vieram com a ideia de colocar em prática o que haviam aprendido.

No início montaram um laboratório de produção de mudas de orquídeas sem muito planejamento, mas já utilizando técnicas para um cultivo mais limpo. “Desde o início, nosso foco foi ter cultivo semi-hidropônico, tudo dentro da estufa, protegido. Usamos substrato a base de fibra de coco. Nada fica no chão, o cultivo é elevado, dentro de canaletas com isopor para não ter muita variação de temperatura. A gente dilui todos os ingredientes que precisa na água e já irrigamos com tudo que é preciso. Isso gera economia de água e adubo”, explica.

A profissionalização de seu negócio começou por acaso. Em um primeiro momento, a prefeitura de Atibaia entrou em contato com o estabelecimento e perguntou se eles não tinham interesse em abrir o local ao público.

Ao receber os primeiros visitantes, eles enxergaram que ali havia uma grande possibilidade de negócio. Após a realização de um curso do Sebrae voltado ao turismo rural, surgiu a ideia de montar também um sistema “colhe e pague” (muito comum no Japão) de morangos, já que Atibaia é considerada a cidade das flores e dos morangos.

“Dentro da estufa também temos proteção de umidade e não precisa pulverizar com agrotóxico. Mantemos a pulverização só com produtos naturais. Aqui a pessoa vem colher os morangos, ter essa experiência.”

Além da economia de água e adubo, Kenji tem um projeto para utilização de energia fotovoltaica para o próximo ano. Além de ter a expectativa de uma economia de quase 100% com essa novidade, o empreendedor acredita que se adaptar a essa nova realidade é essencial. “A energia solar é o futuro para a economia, principalmente na área de turismo rural. É um caminho sem volta e que todos devem prestar atenção porque a economia é grande e previne falta de energia. E quando não usar toda a energia produzida ainda pode devolver para a rede.”

Comece com o simples

A consultora de negócios do Sebrae-SP Carla Capoleti alerta que inúmeros empreendedores não conseguem imaginar uma gestão sustentável em seu negócio muitas vezes por falta de conhecimento. “É possível começar com ações simples. Há um mercado muito grande a ser explorado. A sustentabilidade inserida como um dos valores da empresa pode ser um grande diferencial dos pequenos negócios, tornando-os mais competitivos”, afirma.

Confira algumas práticas sustentáveis sugeridas pela consultora para quem quer começar:

– Redução do consumo de energia elétrica (usar lâmpadas de led, aproveitar a iluminação natural, manter a fiação elétrica em bom estado, manutenção de equipamentos, uso de sensores de presença)
– Redução no consumo de água (conscientização, reuso, torneiras automáticas)
– Redução no consumo de matéria-prima (reaproveitar ao máximo os materiais, reduzir refugos)
– Descarte adequado dos resíduos regados;
– Incluir e praticar a sustentabilidade como um dos “valores” da empresa;
– Contratar pessoas da comunidade local;
– Manter a frota com a manutenção em dia, e utilizar como combustível o etanol;
– Cumprir a legislação ambiental e trabalhista

Fonte:

Agência Sebrae

 

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