A primeira bolsa do Brasil voltada ao mercado de créditos de carbono, a B4, plataforma de tokens atrelados em projetos ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança) começou a operar no país a 1 mês. O lançamento da B4 aconteceu no dia 16 de agosto no AYA Earth Partners (AYA Hub), em São Paulo (SP).
A plataforma baseada na tecnologia blockchain tem como foco a listagem de tokens atrelados a projetos voltados à sustentabilidade, que poderão ser adquiridos por empresas interessadas em compensar suas pegadas de CO2 na atmosfera.
Os cofundadores da B4 Odair Rodrigues e Kaue Vinícius informaram que a plataforma não representa uma alternativa à B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), a Bolsa de Valores do Brasil, já que a proposta inicial é a listagem de utility tokens, que dão acesso a serviços e benefícios.
Segundo eles, a expectativa inicial é que a B4 movimente até R$ 12 bilhões em seu primeiro ano de funcionamento, após o lançamento da plataforma, cifra que teria sido estimada a partir da demanda de empresas que teriam pedido para serem listadas e outras manifestando interesse na compra de tokens, cuja demanda, segundo eles, supera a oferta em 10 vezes.
Por outro lado, a B4, que relatou pretensões de se tornar uma “bolsa de ação climática”, deve iniciar suas operações somente com a listagem de tokens de crédito de carbono, já que a plataforma não está regulamentada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para oferta de security tokens (tokens de segurança), que são criptoativos que espelham ativos reais, embora a expectativa relatada pela B4 seja de que a plataforma consiga a chancela da autarquia federal até dezembro desse ano.
Entretanto nem tudo representa flores no caminho do avanço do mercado de tokens de crédito de carbono. No final de julho, por exemplo, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) descartou o uso de tokens de crédito de carbono em terras indígenas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. Em duas semanas de operação, a B4, recebeu tentativas de listagem de falsos créditos de carbono. Segundo a bolsa, dos 20 milhões de créditos de empresas que tentaram listar seus ativos desde o lançamento da plataforma, apenas 1% teria sido aprovado. A situação demonstra que o greenwashing (“lavagem verde”, em inglês), situação que se refere ao ato de ações falsas de sustentabilidade constantemente associado ao ESG, também estaria crescendo no mercado de carbono, sendo um ponto de atenção para a regulamentação desse mercado, em discussão no Congresso. Atualmente, não existe uma regulação desse mercado no Brasil. No dia 21 de agosto a relatora do projeto de lei de crédito de carbono, a senadora Leila Barros (PDT) apresentou um primeiro texto com as normativas que devem regular este mercado.
Dentre as empresas que vão listar ativos estão:
Projeto SOS Vida Silvestre, com cerca de mil cédulas ambientais equivalentes a US$ 5 milhões;
Waycarbon, que listará aproximadamente 1,8 milhão de toneladas de créditos de carbono, o equivalente a US$ 8 milhões;
Ecom Energia, com aproximadamente 500 mil toneladas, o equivalente a US$ 3 milhões, e a
Companhia de Desenvolvimento e Serviços Ambientais (CDSA) do Acre, que listará aproximadamente 70 milhões de toneladas de carbono equivalente.
Dentre as que compraram e já anunciaram publicamente está a empresa americana Gemsgold, que comprou cerca de 1,76 milhão de toneladas de crédito de carbono, o equivalente a US$ 11 milhões.
Mais informações podem ser obtidas diretamente no site oficial da B4.
B4 - A Bolsa de Ação Climática do Brasil
Fonte:
Felipe Garcia
Sustentabilidades