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3 candidatos a substitutos do plástico
3 candidatos a substitutos do plástico

Apesar de avanços recentes como a aprovação de uma resolução que busca estabelecer um acordo internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição plástica (assinada por 175 países na ONU), os desafios por trás dos resíduos plásticos que inundam o meio ambiente ainda são bastante significativos.

Em um estudo publicado nos últimos dias, cientistas afirmam, por exemplo, que a quantidade de microplásticos encontrados no fundo dos oceanos triplicou em 20 anos. E esses minúsculos pedaços de detritos, menores do que o olho humano pode ver, foram se acumulando causando efeitos tóxicos nas células dos seres vivos marinhos que ingerem essas partículas. Além disso, pedaços maiores podem matar esses animais por asfixia ou serem confundidos com comida, no caso de tartarugas que pensam que sacolas são águas-vivas.

Mas não é só a fauna marinha que é afetada pela poluição plástica. Afinal de contas, os microplásticos já foram encontrados pela Ciência na neve recém caída na Antártida, no caule de plantas, no leite materno de humanos e até nos nossos pulmões e corrente sanguínea.

Apesar de possuírem uma história de vida curta - já que os primeiros plásticos derivados de combustíveis fósseis datam do começo do século XX -, o plástico rapidamente se tornou um dos materiais mais presentes na vida cotidiana. Os esforços para combater esses resíduos onipresentes têm se concentrado principalmente nos 3Rs: reduzir, reutilizar, reciclar, mas o plástico, por ser tão leve e barato, ainda encontra muitas vezes o caminho para nossas casas, nossos corpos e a natureza.

Para ajudar a conter essa propagação assustadora e criar alternativas ao plástico tradicional, muitos pesquisadores e empresas vêm buscando soluções feitas a base de outros componentes que são capazes de reproduzir muitas das características positivas do plástico, sem o ônus ambiental.

Do mar, pelo mar

No estado norte-americano da Califórnia a startup Sway está usando algas marinhas para fazer substitutos compostáveis ​​para filmes finos e sacolas plásticas. Nesse caso, a matéria-prima, além de ser biodegradável, ainda contribui para a mitigação das mudanças climáticas, pois, as algas crescem até 60 vezes mais rápido do que outras plantas terrestres e podem sequestrar até 20 vezes mais carbono por hectare do que as florestas.

Na hora de comprar o insumo, a empresa faz parcerias com comunidades afetadas pela sobrepesca e mudanças negativas nos ecossistemas dos quais dependem, que agora passam a cultivar as algas usadas na produção do novo plástico. De acordo com a startup, o cultivo de algas marinhas é barato, não requer pesticidas ou fertilizantes e necessita de poucos equipamentos. Na hora da colheita, as plantas não são cortadas pela raiz, mas sim podadas.

“Trabalhamos exclusivamente com fazendas oceânicas. Não estamos falando sobre colheita selvagem ou retirada de material que está crescendo naturalmente no oceano. E, no final de sua vida útil, o material (da Sway) desaparece em quatro a seis semanas”, afirmou à Forbes Julia Marsh, co-fundadora e CEO da startup.

A empresa, que em 2021 foi uma das vencedoras do concurso Beyond the Bag Challenge, afirma ainda que o material produzido é compatível com a infraestrutura de produção de plástico existente hoje, evitando o sucateamento precoce desse maquinário e ajudando a integrar práticas regenerativas dentro de cadeias de valor em escala. 

Teia de amido

Cientistas da Universidade Rutgers, em Nova Jersey, nos EUA, publicaram um estudo na revista Nature Food sobre um produto sustentável que pode futuramente ajudar a substituir o plástico filme. É uma fibra à base de amido que, além de ter propriedades antibacterianas que protegem os alimentos contra doenças e deterioração, pode ser moldável ao objeto, fazendo com que produtos de qualquer forma e tamanho – como carnes ou frutas – possam ser embalados.

Com um aspecto de teia de aranha, o revestimento foi feito usando pullulan, uma fibra comestível produzida a partir de polissacarídeos de amido. Os polissacarídeos são longas cadeias de moléculas com centenas ou milhares de unidades de monossacarídeos (cadeias de carbono lineares e simples como a glicose, frutose e a galactose). Além do amido, são exemplos de polissacarídeos a celulose e o glicogênio.

“Transformamos biopolímeros, que podem ser derivados do desperdício de comida, em fibras inteligentes para embalar alimentos diretamente. Como as teias lançadas pelo personagem de quadrinhos da Marvel, Homem-Aranha, o material fibroso pode ser fiado a partir de um dispositivo de aquecimento que se assemelha a um secador de cabelo e 'embalado' sobre alimentos de várias formas e tamanhos, como um abacate ou um bife”, disse o cientista responsável pela criação, Philip Demokritou – que também é professor da escola de saúde pública de Harvard. Na hora de "desembalar", a fibra pode ser removida com água. O material é biodegradável e se dissolve no solo em três dias, afirmam os pesquisadores.

Versão brasileira

Integrantes do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI), da FAPESP, desvelaram um método que permite produzir bioplástico a partir de uma matéria-prima barata, abundante e que não concorre com a indústria alimentícia: o gás carbônico (CO2). Desta forma, contribui ainda para a captura e fixação de um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa e pelo agravamento do aquecimento global.

Na pesquisa, publicada na revista Bioresource Technology, os pesquisadores utilizaram cianobactérias, organismos fotossintéticos que apresentam ao mesmo tempo características de algas e de bactérias, para alcançar o feito. Ao serem submetidas a condições de estresse, as cianobactérias, ou algas azuis, capturam o CO2 e produzem grânulos de polihidroxibutirato (PHB), um tipo de bioplástico.

“A natureza é muito sábia. Em condições extremas, como limitação de nutrientes, sobretudo nitrogênio, e excesso de carbono, as cianobactérias criam uma reserva de ‘gordura’ para sobreviver, a exemplo do que fazem os ursos em período de hibernação. Esse grânulo de reserva das cianobactérias tem as mesmas características de um polímero e ao ser extraído se assemelha a um plástico filme. A meta do projeto é modificar geneticamente cianobactérias do gênero Synechocystis sp. para que elas consigam acumular ainda mais esses biopolímeros”, explica a coordenadora-geral do projeto, a bióloga Elen Aquino Perpetuo.

Fonte:

Um Só Planeta

 

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