A 27ª conferência do clima da ONU teve início do último domingo (6) na paradisíaca cidade de Sharml el-Sheikh, no Egito.
As discussões da COP recebem uma atenção importante porque é justamente ao longo dessas semanas de evento que centenas de países se reúnem para discutir ações de enfrentamento à crise climática provocada pelo homem que moldarão nosso futuro.
Mas quem não está familiarizado com a cúpula pode não entender alguns dos termos em debate. Por isso, o g1 montou um mini glossário da COP 27, reunindo algumas dessas expressões.
Abaixo, veja as principais.
1. COP
Antes de tudo, é preciso saber o que significa essa sigla de três letras.
COP se refere ao termo em inglês Conferece of Parties, ou Conferência das Partes. A cúpula é um evento que acontece todos os anos, reunindo representantes de diversos países
2. Partes
As partes são os estados, como o Brasil, que participam da COP.
Elas são vinculadas à UNFCC (entenda no próximo tópico) e este ano somam 197 países e um grupo regional, a União Europeia.
3. UNFCC ou CQNUMC
A UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change, em inglês) é a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ou apenas CQNUMC, em português.
Esse é um tratado internacional que entrou em vigor em 21 de março de 1994 e que tem como principal objetivo estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e, assim, combater a ameaça humana ao sistema climático da Terra.
A COP é o órgão supremo da Convenção, ou seja, é a associação das partes que assinaram a Convenção-Quadro.
4. Gases de efeito estufa
São um grupo de gases que contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas, como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso.
Embora dure menos tempo na atmosfera que o CO2, o CH4, é o segundo gás que mais contribuiu para o aquecimento global.
Num período de cem anos, o metano é responsável por esquentar o planeta cerca 28 vezes mais do que uma molécula de dióxido de carbono (CO2), o principal gás responsável pelo efeito estufa, liberado na queima de combustíveis fósseis.
5. 1.5ºC
Esse é o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas.
É o limiar de aumento da taxa média de temperatura global que temos que atingir até o final do século para evitar as consequências da crise climática provocada pelo homem por causa da crescente emissão de gases de efeito estufa na nossa atmosfera.
Essa é uma taxa que é medida em referência aos níveis pré-industriais, a partir de quando as emissões de poluentes passar a afetar significativamente o clima global.
6. Acordo de Paris
Esse é um acordo assinado em 2015, durante a COP21, em Paris.
Seu principal objetivo é manter o aquecimento global do planeta bem abaixo de 2°C até o final do século e buscar esforços para limitar esse aumento até 1.5°C.
Dá pra dizer que quase todos os países do mundo são signatários do acordo, exceto alguns poucos, como Irã, Líbia, Iêmen e Eritreia.
Em 2020, os Estados Unidos se retiraram do Acordo, mas voltaram em 2021. Em 2018, o presidente Jair Bolsonaro também ameaçou retirar o Brasil do acordo, mas isso não ocorreu.
7. NDCs
Esse é o coração do Acordo de Paris.
Isso porque os países signatários do acordo concordaram que devem comunicar as ações que estão tomando para reduzir essas emissões de gases de efeito estufa.
As NDCs são então essas metas climáticas dos países. Essa é uma sigla em inglês quer dizer contribuições nacionalmente determinadas.
De acordo com o acordo, as NDCs são apresentadas a cada cinco anos. Por causa da pandemia, a primeira revisão aconteceu na COP26.
E para que a meta reflita em algo concreto, factível e justo ao longo do tempo, o Acordo de Paris prevê que cada NDC subsequente deve representar uma progressão em relação à NDC anterior.
Apesar disso, embora as partes tenham a obrigação legal de ter uma NDC, caso suas medidas listadas não sejam cumpridas elas não serão responsabilizadas por isso.
8. Protocolo de Kyoto
Esse é um acordo separado e autônomo que requer a ratificação de governos e que está vinculado ao UNFCCC.
Diferentemente do Acordo de Paris, o Protocolo de Kyoto exige que somente os países desenvolvidos reduzam suas emissões. O tratado, tido como pioneiro no enfrentamento ao aquecimento global, não é ratificado pelos EUA, um dos países mais poluidores do mundo.
Por isso, entre outras razões, o Acordo de Paris é considerado um substituto do Protocolo de Kyoto, que perdeu força ao longo dos últimos anos.
9. Mitigação
São os esforços para reduzir a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e, assim, limitar o aquecimento bem abaixo de 2°C.
Na COP 27, todos os países reunidos devem adotar um programa de trabalho para aumentar urgentemente a ambição e a implementação de mitigação.
10. Adaptação
Na definição da ONU, são “ajustes em sistemas naturais ou humanos em resposta a estímulos climáticos reais ou esperados ou seus efeitos, que moderam danos ou exploram oportunidades benéficas”.
Ou seja, como buscar ferramentas e soluções para reduzir nossa fragilidade frente à crise climática.
Como o aquecimento global tem efeitos diferentes no mundo, causando secas em alguns lugares, cheias em outros, na prática, isso diz respeito as respostas efetivas a esses problemas, como por exemplo, projetos de barragens marítimas para conter o aumento do nível do mar, ações de preparo para uma temporada de seca mais longa e intensa na Amazônia, etc.
E isso é algo que, historicamente, vem recebendo menos financiamento globalmente. Nessa COP, é esperado que os países reavaliem seus compromissos nacionais de adaptação.
11. Perdas e danos
Um dos graves riscos da crise climática é o aumento de eventos extremos. Por isso, falar em adaptação e mitigação já é algo que não funciona para países como o Paquistão, que ficou cerca de 1/3 submerso este ano depois de fortes cheias.
O termo então que é usado então nas negociações da COP é o chamado “perdas e danos”, em referência aos estragos destrutivos que esses países não podem prevenir ou se adaptar com seus atuais recursos.
12. IPCC
É o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, um órgão independente da Convenção-Quadro.
O IPCC é reconhecido mundialmente como a fonte mais confiável de informações sobre mudanças climáticas.
13. Mercado de carbono
Um sistema de negociação que permite que os países comprem ou vendam unidades de gases de efeito estufa que poluem.
Embora chamado de mercado de carbono, esse sistema de compensação considera todos os gases de efeito estufa.
14. Justiça climática
É um movimento social que reconhece as diferentes facetas do aquecimento global: sociais, econômicas, financeiras, etc.
A justiça climática reconhece que o aquecimento global tem um impacto diferente na vida de homens, mulheres, pessoas trans, negras, jovens, idosos, etc.
15. Financiamento climático
Como parte do Acordo de Paris, os países desenvolvidos prometeram aos países em desenvolvimento dar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para ajudá-los a se preparar para as mudanças climáticas.
Apesar disso, esse é meta não vendo sendo cumprida e, por isso, há uma expectativa de que as negociações da COP 27 selem o que pode ser feito.
Fonte:
Roberto Peixoto
g1